Como nossa história começou

O ano era 1989.
Com a família aumentando surgiu a necessidade de conseguir uma promoção ou um aumento de salário. Naquela época, estava empregado na Siderúrgica Riograndense, onde ocupava o cargo de Projetista, quando me candidatei a vaga de Projetista Sênior. A resposta era que eu não tinha formação suficiente e que meu futuro na empresa seria vinculado aos aumentos quinquenais. Ao chegar em casa, comentei com a minha esposa Lena o ocorrido e juntos começamos a bolar uma maneira de melhorar de vida. Optamos de imediato pela iniciativa privada: iríamos abrir um negócio próprio... mas o quê, se não tinhamos capital para iniciar? Depois de descartar diversas idéias, optamos por abrir uma empresa de consertos de eletrodomésticos, com a intenção de implantar posteriormente uma loja de utilidades domésticas, peças e acessórios para eletrodomésticos. Como filho de um mecânico de aviões, sempre tive no sangue a vontade de consertar coisas. De comum acordo, optamos, a Lena e eu, pela abertura da loja. Lena, então, além de minha esposa se tornou minha sócia. Para viabilizar o empreendimento, optamos por convidar o irmão da Lena como um terceiro sócio. Ele já tinha uma eletrônica - o que poderia nos facilitar acesso a futuros clientes. E assim foi feito: nos associamos e abrimos a primeira empresa. O capital inicial veio de um consórcio de 500 dólares que ganhamos por sorteio. Alugamos uma sala na rua 24 de Agosto, em Esteio, que pertencia a familiares. Enquanto eu trabalhava na Siderúrgica como Projetista, Lena atendia aos clientes e agendava as visitas. Nas horas de folga eu virava “mecânico de eletrodomésticos”, atendendo às solicitações dos clientes que surgiam. Muitas são as sociedades entre parentes que não dão certo e conosco não foi diferente: certo tempo depois – após alguns desentendimentos – optamos por desocupar o prédio e desfazer a sociedade. Vendemos um freezer e um condicionador de ar e aplicamos o valor na empresa. Quando o negócio começou a dar certo, aproveitamos um plano de demissão voluntária da siderúrgica para focar somente no nosso negócio. O valor da indenização tinha destino certo: investimos na empresa. Por um ano e meio ainda prestei serviço na Siderúrgica como autônomo, com o objetivo de capitalizar a empresa um pouco mais e saldar as dívidas adquiridas para iniciar as ativades. Trabalhamos, a Lena e eu, muito à noite, aos sábados, aos domingos e nos feriados. Aprendemos a comprar mercadorias direto de fabricantes, distribuidores de outros estados, chegamos a ter cinco empregados. “A Poderosa” como o meu cunhado havia apelidado a loja, já se sustentava e também alimentava a família. O momento da empresa nos permitiu, então, encerrar a prestação de serviço externo, mantendo apenas o serviço interno: o conserto de eletrodomésticos de pequeno porte. Mais tarde, quando conseguimos comprar nossa sede atual na Av. Padre claret, 17, constatamos que o prédio não comportava a oficina e decidimos vender essa parte, continuando somente com a loja. Estava concluído nosso sonho inicial, já tínhamos nossa loja e deixamos de ser mecânicos de eletrodomésticos. Nesta época distante e diferente, criamos nossos filhos e filhas dentro da loja. Enquanto ajudavam, aprendiam. Enquanto aprendiam, despertavam interesse em outras áreas. Alguns preferiram seguir outros rumos, mas todos trabalharam aqui em momentos diferentes. Finalmente, após 27 anos de dedicação a loja, chegaram nossas aposentadorias, quando transferimos o controle da empresa para nosso filho Felipe. Eu e a Lena seguimos casados e sócios. Desta vez, produzindo artesanatos em madeira e pinturas.

Texto de Antônio C.B Figueredo, na foto com sua esposa Lena.